“Estou me Acostumando com a Tranquilidade": Como o Eixo HHA e a Neuroplasticidade Transformam Sua Vida

Por que Sentimos Desconforto na Paz?

Você já se perguntou por que momentos de tranquilidade, tão desejados, podem gerar um desconforto inesperado? Para muitas pessoas, o corpo e o cérebro, acostumados a operar sob estresse constante, interpretam a calma como algo fora do comum. Esse desconforto não é um sinal de algo errado com você, mas sim de um padrão que pode ser transformado.

Neste artigo, vamos explorar como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), a neuroplasticidade e a Terapia do Esquema explicam essa sensação — e como você pode reprogramar seu cérebro para transformar a tranquilidade no seu novo estado natural.

O Papel do Eixo HHA no Estresse Crônico

O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) é a via responsável por coordenar a resposta do corpo ao estresse. Embora essencial em situações de perigo, sua hiperativação no dia a dia pode levar a uma série de reações emocionais e comportamentais que impactam profundamente a qualidade de vida.

Como o Eixo HHA Funciona e Impacta Seu Comportamento

Hipotálamo: Detecta o estresse e libera CRH (hormônio liberador de corticotropina).

  • Comportamento: Você pode sentir preocupação constante e dificuldade de relaxar, mesmo em situações seguras. Pequenas contrariedades podem parecer ameaças maiores do que realmente são.

  Hipófise: Recebe o sinal e libera ACTH (hormônio adrenocorticotrófico).

  • Comportamento: Sensação de sobrecarga, pensamentos repetitivos e a impressão de estar “no limite”, que podem desencadear explosões emocionais ou retração em momentos de pressão.

  Adrenais: Liberam cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”.

  • Comportamento: Irritabilidade, insônia, fadiga crônica e dificuldade de concentração. Essas sensações tornam difícil focar em tarefas ou aproveitar momentos de tranquilidade.

 

Impactos da Hiperativação do Eixo HHA: Como Isso Se Reflete no Dia a Dia?

Muitas vezes, as pessoas vivenciam os impactos do estresse crônico sem perceber sua verdadeira origem. Em busca de diagnósticos físicos, ignoram que o estresse pode ser o principal culpado.

  • Sensações: Fadiga persistente, mente nublada, insônia, sensação de estar “no limite”.
  • Comportamentos: Reações emocionais intensas, dificuldade de concentração e irritabilidade constante.

 

“O estresse crônico causa alterações profundas no cérebro e no corpo, criando um estado de alerta constante que dificulta a adaptação à tranquilidade.” – Sapolsky (2004)

 

Como Isso Se Apresenta em Sensações e Comportamentos?

Muitas vezes, as pessoas vivenciam os impactos do estresse crônico sem perceber que ele é a raiz dos problemas. Elas podem buscar explicações físicas, como desregulações hormonais ou problemas cardíacos, enquanto o verdadeiro culpado é o estresse prolongado. Aqui estão exemplos de como isso pode se manifestar:

  • Fadiga persistente: Sensação constante de cansaço, mesmo após uma boa noite de sono, gerada pelo desgaste do corpo devido à produção contínua de cortisol.
  • Dificuldade de concentração: Sensação de “mente nublada” ou dificuldade em lembrar informações simples, ligada à redução do hipocampo.
  • Reações emocionais intensas: Sentir-se irritado, sobrecarregado ou com medo excessivo em situações que não deveriam ser tão desafiadoras.
  • Sensação de “estar no limite”: Percepção constante de que qualquer pequena adversidade pode desencadear uma crise emocional.
  • Insônia ou sono interrompido: Mesmo quando exausto, o corpo parece incapaz de relaxar completamente, resultando em noites inquietas.

 

 

História de Caso: A Jornada de Marta

Marta, 38 anos, acreditava sofrer de problemas metabólicos ou hormonais devido ao cansaço extremo e à dificuldade de relaxar. Durante a terapia, descobriu que seu eixo HHA estava hiperativado, mantendo seu corpo em alerta constante. Com práticas de mindfulness e regulação emocional, Marta conseguiu reverter esse padrão. Hoje, ela relata:
“É incrível finalmente brincar com meus filhos sem aquela irritação constante. Descobri que a paz é possível.” 

                                                                                                                     

Neuroplasticidade: Reprogramando o Cérebro para a Tranquilidade

A neuroplasticidade é a prova científica de que o cérebro pode ser reprogramado. Norman Doidge (2007) descreve como práticas consistentes criam novas conexões neurais, transformando padrões desadaptativos em respostas mais saudáveis.

 

Como a Neuroplasticidade e a Terapia do Esquema Transformam Modos e Fortalecem o Adulto Saudável

Norman Doidge (2007), em The Brain That Changes Itself, explica que práticas consistentes, como mindfulness e reforço positivo, promovem novas conexões neurais, permitindo que o cérebro seja literalmente reprogramado. Na Terapia do Esquema, isso se traduz no desenvolvimento de modos adaptativos e no fortalecimento do Adulto Saudável.

 

A Neuroplasticidade Aplicada à Terapia do Esquema

Na Terapia do Esquema, os modos são estados emocionais e comportamentais que ativamos em diferentes situações. Modos disfuncionais, como o Criança Vulnerável, podem manter o indivíduo preso a padrões de medo, insegurança ou estresse constante. No entanto, a neuroplasticidade comprova que esses padrões não são permanentes.

Quando práticas terapêuticas ajudam a ativar e reforçar o Modo Adulto Saudável, novas conexões neurais são formadas, permitindo que o indivíduo reaja de maneira mais adaptativa às adversidades.

 

Como a Terapia do Esquema Auxilia no Desenvolvimento de Modos Adaptativos

Jeffrey Young et al. (2003) destacam que a Terapia do Esquema combina intervenções cognitivas, emocionais e comportamentais para ressignificar esquemas desadaptativos e criar modos mais saudáveis. Aqui estão algumas estratégias práticas:

  1. Identificação e Validação dos Modos
    • O primeiro passo é reconhecer quais modos estão ativos em situações de estresse. Por exemplo, o Criança Vulnerável pode se manifestar como medo ou insegurança frente à tranquilidade, enquanto o Crítico Punitivo pode culpar o indivíduo por “não estar fazendo o suficiente”.
    • No processo terapêutico, esses modos são validados e compreendidos como parte da experiência emocional, mas não mais dominam as decisões.

 

  1. Fortalecimento do Adulto Saudável
    • O Adulto Saudável assume o papel central na gestão dos modos. Ele oferece suporte ao Criança Vulnerável, desautoriza o Crítico Punitivo e cria um ambiente interno de segurança e tranquilidade.
    • Isso é reforçado por práticas como mindfulness, que aumentam a capacidade do Adulto Saudável de estar presente no momento.

 

  1. Uso de Reforço Positivo para Novos Caminhos Neurais
    • Cada vez que o Adulto Saudável toma uma decisão mais equilibrada, o cérebro reforça essas novas conexões. Celebrações conscientes de pequenos avanços fortalecem esse padrão.

 

 

Como a Neuroplasticidade e a Terapia do Esquema Transformam Modos e Fortalecem o Adulto Saudável

Na Terapia do Esquema, os modos desadaptativos podem manter o indivíduo preso a estados de alerta, como o Criança Vulnerável ou o Crítico Punitivo. Com o uso de práticas terapêuticas, o Adulto Saudável é fortalecido, permitindo que novas conexões neurais sejam criadas.

 

  • Transformação Prática:
    • Validação e compreensão dos modos.
    • Uso de reforço positivo para consolidar novas respostas emocionais e comportamentais.
    • Ativação do Adulto Saudável para responder aos desafios com equilíbrio.

 

Doidge (2007) reforça que o cérebro pode ser reprogramado para padrões mais saudáveis por meio de práticas consistentes, como a exposição gradual à tranquilidade e o reforço positivo.

 

Exemplo Clínico: Fortalecendo o Adulto Saudável

Mariana, 45 anos, buscou terapia relatando uma dificuldade em lidar com momentos de tranquilidade. A sensação constante de “estar esquecendo algo” era atribuída ao Crítico Punitivo, enquanto o medo de não conseguir relaxar estava ligado ao Criança Vulnerável. Durante a terapia:

  1. Mariana identificou seus modos e percebeu como eles se manifestavam em seu cotidiano.
  2. Com a ajuda do terapeuta, ela desenvolveu estratégias para fortalecer o Adulto Saudável, como validar suas necessidades e responder ao Crítico Punitivo com compaixão.
  3. Aos poucos, Mariana começou a se sentir mais à vontade na tranquilidade, reforçando esse estado como parte de sua nova normalidade.

 

Hoje, Mariana relata: “É incrível perceber como consigo criar momentos de paz sem aquela sensação de que algo está errado. Finalmente sinto que a tranquilidade é minha aliada.”

 

 

Estratégias Práticas
  1. Regulação Emocional: Práticas como respiração consciente ajudam a reduzir a ativação do eixo HHA.
  2. Exposição Gradual à Paz: Permita-se momentos curtos de tranquilidade, aumentando gradualmente a duração.
  3. Reforço Positivo: Celebre cada momento de calma para consolidar novos padrões cerebrais.

 

“Doidge (2007) reforça que o cérebro pode ser reprogramado para padrões mais saudáveis por meio de práticas consistentes, como a exposição gradual à tranquilidade e o reforço positivo.”

 

Terapia do Esquema e Padrões Desadaptativos na Vida Real

Jeffrey Young, criador da Terapia do Esquema, explica que padrões emocionais desadaptativos (ou “esquemas”) são formados na infância ou em momentos significativos da vida e atuam como “lentes” que moldam a forma como percebemos o mundo e a nós mesmos. Quando esses esquemas não são identificados e ressignificados, eles perpetuam estados de alerta constante e dificultam a experiência de paz.

 

Como Esquemas Desadaptativos se Manifestam na Vida do Sujeito

Esquemas como o de privação emocional ou hipervigilância se refletem em comportamentos e sensações que muitas vezes o indivíduo não reconhece como desadaptativos. Veja como isso pode acontecer:

  1. Privação Emocional:
    • Exemplo na vida real: Ana sente que nunca é compreendida, mesmo em relacionamentos amorosos ou amizades. Sempre que busca apoio, percebe uma sensação de vazio e acredita que suas necessidades nunca serão atendidas.
    • Impacto no comportamento: Ela evita pedir ajuda ou expressar vulnerabilidades, o que mantém o ciclo de isolamento emocional.

 

  1. Hipervigilância:
    • Exemplo na vida real: Carlos vive em constante estado de alerta, antecipando problemas antes que eles aconteçam. Em um jantar com amigos, ele está mais preocupado com possíveis discussões do que em aproveitar o momento.
    • Impacto no comportamento: Essa hipervigilância consome sua energia e o impede de relaxar, alimentando uma sensação de esgotamento emocional.

 

Esses padrões frequentemente levam o indivíduo a justificar suas experiências com explicações externas (“as pessoas não se importam comigo” ou “eu não posso relaxar porque algo pode dar errado”), sem perceber que essas crenças são reflexos dos esquemas desadaptativos.

 

 

Como a Terapia do Esquema Ajuda

Young et al. (2003) destacam que a Terapia do Esquema ajuda a:

  • Identificar esquemas desadaptativos: Por meio de um processo de reflexão e mapeamento, o indivíduo começa a reconhecer os padrões que perpetuam o ciclo de alerta e insatisfação.
  • Ressignificar os esquemas: O terapeuta colabora para que esses padrões sejam reavaliados e substituídos por crenças mais funcionais, permitindo novas formas de reagir às situações.
  • Fortalecer o Adulto Saudável: A prática terapêutica ensina o indivíduo a responder aos esquemas de maneira adaptativa, nutrindo modos saudáveis e promovendo a sensação de tranquilidade.

 

 

Conectando Terapia do Esquema e Neuroplasticidade

Ao trabalhar os esquemas desadaptativos, a Terapia do Esquema ativa a neuroplasticidade do cérebro, promovendo mudanças duradouras. Cada vez que um esquema é desafiado e substituído por uma resposta do Adulto Saudável, novos caminhos neurais são criados, fortalecendo comportamentos e emoções mais equilibrados.

 

Exemplo Clínico: Superando a Privação Emocional

Paula, 36 anos, chegou à terapia relatando uma sensação constante de vazio nos relacionamentos. Durante as sessões, identificamos o esquema de privação emocional, formado na infância, quando suas necessidades emocionais eram frequentemente ignoradas.

  1. Reconhecendo o padrão: Paula percebeu como o esquema moldava suas interações, levando-a a evitar vulnerabilidade com medo de rejeição.
  2. Desafiando o esquema: Com o apoio do terapeuta, ela começou a expressar suas necessidades de forma assertiva, mesmo em pequenas situações.
  3. Celebrando as mudanças: Cada vez que Paula recebia apoio emocional, reforçava seu Adulto Saudável e a crença de que suas necessidades eram válidas.

 

Hoje, Paula relata: “Eu consigo me conectar com as pessoas de forma mais genuína, e isso me traz uma paz que nunca imaginei ser possível.”

 

 

Transformação é Possível

A Terapia do Esquema, em conjunto com a neuroplasticidade, oferece um caminho comprovado para romper ciclos de esquemas desadaptativos e construir modos saudáveis. Reconhecer e ressignificar esses padrões permite que a paz e o equilíbrio emocional se tornem parte da vida de forma autêntica.

 

 

Ferramentas para Transformar Sua Relação com a Tranquilidade

Exercícios de Mindfulness

Jon Kabat-Zinn (1990), em Full Catastrophe Living, descreve como a atenção plena reduz a ativação do eixo HHA. Práticas como respiração consciente e meditação regular ajudam a criar um estado de calma duradouro.

  1. Respiração Consciente: Inspire por 4 segundos, segure por 4 e expire por 6. Repita antes de iniciar tarefas desafiadoras.
  2. Ancoragem no Presente: Quando pensamentos sabotadores surgirem, foque em 3 coisas que você pode ver, ouvir e tocar.
  3. Meditação Guiada: Dedique 10 minutos por dia para visualizar a tranquilidade como parte do seu cotidiano.

 

“Kabat-Zinn (1990) destaca que práticas de mindfulness regulam a ativação do eixo HHA, promovendo o relaxamento e a resiliência emocional.”

 

História Inspiradora: A Jornada de Ana

Ana, uma de minhas pacientes, sentia-se desconfortável na tranquilidade, acostumada a operar em um estado de alerta constante. Com a combinação de mindfulness e Terapia do Esquema, ela gradualmente reprogramou seu cérebro. Hoje, Ana diz com orgulho: “Estou me acostumando com a tranquilidade, e isso me faz sentir mais conectada comigo mesma, que louco, nunca imaginei que diria isso.”

 

 A Paz Como Escolha Intencional

Transformar a tranquilidade em um estado natural é um processo que exige autoconhecimento e dedicação. Ao compreender como o eixo HHA e a neuroplasticidade moldam sua experiência, você pode adotar ferramentas práticas para criar uma base emocional mais equilibrada.                                A paz está ao seu alcance — tudo começa com um primeiro passo.

 

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Por Que Você Pode Confiar Nestes Conceitos

Cientificamente Embasado Este artigo utiliza conceitos baseados em pesquisas de renome, como a Teoria do Esquema de Jeffrey Young, os estudos sobre neuroplasticidade de Norman Doidge e as práticas de mindfulness de Jon Kabat-Zinn. Essas abordagens, respaldadas pela neurociência e psicologia baseada em evidências, oferecem soluções eficazes para transformar sua relação com o estresse e a tranquilidade.

 

Referências Bibliográficas
  • Doidge, N. (2007). The Brain That Changes Itself: Stories of Personal Triumph from the Frontiers of Brain Science.
  • Kabat-Zinn, J. (1990). Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of Your Body and Mind to Face Stress, Pain, and Illness.
  • McEwen, B. S. (2007). The End of Stress as We Know It.
  • Sapolsky, R. M. (2004). Why Zebras Don’t Get Ulcers.
  •  Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2003). Schema Therapy: A Practitioner’s Guide.

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